As várias especialidades da Medicina Chinesa

Práticas milenares que vão muito além da acupuntura

03/08/2018 | 20:01

Quando eu estava no meu último ano do curso superior de medicina chinesa em Pequim, na China, tive a oportunidade de fazer práticas hospitalares em ginecologia e em acupuntura com profissionais excepcionais. Eu fazia as duas práticas concomitantemente, alternando os dias da semana para cada uma, às vezes ia para um hospital de manhã e para o outro à tarde. Me lembro de um dia ter comentado com meu professor de ginecologia que iria para a prática de acupuntura ao sair de seu consultório e de ele me dizer: “Você não pode fazer acupuntura! Você é aluno do curso de medicina chinesa!” Parece estranho, mas eu explico.

Aqui no Brasil, quando falamos de medicina chinesa a grande maioria das pessoas se lembra da acupuntura. Na China, a história é outra. Médicos de MTC não atuam com agulhas, mas com fitoterápicos chineses, ou ventosas, ou tuina clínico, ou moxabustão, e escolhem uma das práticas para se especializarem. Não existem clínicos em MTC, todos são especialistas em alguma área. As faculdades de medicina chinesa e de acupuntura são distintas e é possível perceber um certo preconceito entre os médicos quanto a outra prática.

Antes de ir para a China, eu já atuava com acupuntura, tuina e shiatsu. O tuina é uma especialidade da MTC usada para estimular os meridianos. O shiatsu é uma massagem japonesa com fundamentos da medicina chinesa, e também é usada para estimular os meridianos. Pode ser terapêutico ou relaxante.

Nos quase sete anos de estudo na China, passei por treinamentos em diversas especialidades, além de estudar e praticar ao máximo todas as possibilidades que a medicina chinesa dispõe, como fitoterapia, acupuntura, tuina, ventosa, moxabustão, laseracupuntura e eletroestimulação. Desde que voltei ao Brasil, tenho usado todos esses recursos no tratamento dos meus pacientes e, parando para pensar bem, hoje eu posso afirmar que sou o que poucos são em medicina chinesa: um clínico geral.